Com o objetivo de fortalecer a infraestrutura de pesquisa científica, tecnológica e de inovação de suas Unidades, a USP está investindo R$ 210 milhões para aquisição e manutenção de equipamentos.
Em abril, uma chamada foi aberta para que unidades de ensino e pesquisa, institutos especializados e museus apresentassem propostas para compra e manutenção de equipamentos de pequeno, médio e grande porte, valorizando as propostas interdisciplinares e que envolvessem diferentes grupos de pesquisas, departamentos ou unidades.
“Este foi um edital abrangente que contemplou todas as áreas do conhecimento. Ficamos satisfeitos com a participação das Unidades, dos Institutos e dos Museus, que receberão investimentos da ordem de até R$ 5 milhões para a aquisição ou manutenção de equipamentos. Certamente, com esses novos recursos concedidos, que atingiram R$ 210 milhões, a USP vai galgar mais um patamar na excelência em pesquisas na fronteira do conhecimento e na inovação”, destaca o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Cada unidade pôde apresentar até cinco propostas, que foram divididas em dois grupos. O primeiro era voltado para a aquisição de equipamentos de pesquisa, com custos entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões, além de despesas de instalação ou importação e equipamentos complementares.
O segundo grupo foi de propostas destinadas à manutenção preventiva e corretiva equipamentos ou adaptações em área física de laboratórios de pesquisa, com custos de até R$ 2 milhões, e reformas ou adaptações em área física de laboratórios de pesquisa, desde que não apresentassem aumento da área construída.
Ao todo, a chamada recebeu 198 propostas, sendo 161 para aquisição de equipamentos e 37 para manutenção e reformas de área física.
Após análise de um comitê de avaliação composto por representantes das áreas de humanidades, biológicas e exatas, 103 projetos foram aprovados.
Para o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig, “a maior parte da pesquisa na USP é financiada por agências de fomento, que investem no talento da nossa comunidade e na excelência da nossa infraestrutura, gerando novos conhecimentos para benefício da sociedade. De vez em quando, é bom a própria universidade poder dar uma ‘sacudida’ e estimular propostas ambiciosas, multidisciplinares e agregando diferentes Unidades, que agências de fomento poderiam ter dificuldade em enquadrar. O reitor percebeu que isso poderia ser feito de maneira responsável nesse momento e a resposta da Universidade foi excelente”.
Os recursos orçamentários já foram transferidos para as Unidades, responsáveis pela aquisição dos equipamentos.
Investimentos para uma pesquisa de excelência
Um dos projetos aprovados é o de aquisição de equipamentos que constituirão o Centro de Humanidades Digitais da USP – uma central multiusuária com sede na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), que contará com a participação de seis Unidades da USP da área de humanidades.
Os equipamentos permitirão o armazenamento seguro de documentos históricos, registros audiovisuais e bases de dados complexas, essenciais para os estudos em humanidades digitais, beneficiando 141 laboratórios, 32 núcleos de pesquisa, 23 centros, 3 cátedras, 377 grupos de pesquisa registrados no CNPq e 8 centros multiusuários. O projeto também incentivará o uso de tecnologias emergentes como inteligência artificial e Big Data.
“A iniciativa é crucial para suprir uma lacuna na infraestrutura de pesquisa em humanidades na USP, que compromete a eficiência da pesquisa, o armazenamento, processamento e compartilhamento de dados. A proposta ajudará a resolver essa questão, garantindo segurança digital, conformidade com a LGPD e o uso de tecnologias avançadas para fortalecer a pesquisa interdisciplinar. A implementação de uma infraestrutura multiusuária digital colocará a USP na vanguarda da pesquisa em Humanidades Digitais, promovendo a inovação e a colaboração interdisciplinar”, explica o professor da FFLCH responsável pelo projeto, Emerson Galvani, que também ressalta a importância da atuação do Escritório de Apoio Institucional ao Pesquisador da Faculdade para o êxito da proposta.
Outro projeto aprovado é a de substituição de duas embarcações do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) usadas para estudos de campo em mar abrigado sobre a biodiversidade e a ecologia de ecossistemas costeiros.
Como explica o professor do Cebimar, Augusto Alberto Valero Flores, “o financiamento externo atende em alguma medida a demanda por melhorias do parque náutico, mas a substituição das embarcações, em bloco, somente seria possível com investimento institucional específico. Esse edital para o fortalecimento da pesquisa científica da USP veio em um momento muito oportuno para o nosso Centro, uma vez que os barcos que operamos atualmente foram adquiridos há mais de uma década, tendo excedido amplamente o tempo de uso previsto”.
A renovação parcial do parque náutico beneficiará todas as atividades de pesquisa em campo dos projetos do Cebimar e de outras unidades da USP, além de contribuir para um maior impacto da Universidade em redes internacionais de colaboração científica.
A Escola de Engenharia de Lorena (EEL) também foi contemplada com recursos para a aquisição de um reômetro-DMA (Analisador Dinâmico Mecânico) de última geração, que possibilitará análises fundamentais para o avanço em áreas como biocombustíveis de segunda geração, biopolímeros, sistemas de liberação controlada e síntese de nanopartículas. O equipamento também permitirá estudar o desempenho de materiais sob diferentes estímulos externos – como temperatura, pH e concentração – fornecendo dados essenciais tanto para a pesquisa básica quanto para o desenvolvimento de processos e escalonamento industrial.
“Essa chamada é estratégica porque possibilita modernizar e expandir a infraestrutura de pesquisa, atendendo às crescentes demandas em áreas como Processos Biotecnológicos, Engenharia de Materiais e Nanotecnologia. A iniciativa assegura o acesso compartilhado a equipamentos sofisticados, contribui para reduzir desigualdades regionais em infraestrutura científica e acelera a transformação de descobertas acadêmicas em inovação tecnológica e soluções sustentáveis para a sociedade. Além disso, permite reduzir custos com análises externas e otimizar a utilização dos recursos humanos e materiais disponíveis na Unidade”, ressalta o professor do Departamento de Biotecnologia da EEL, Valdeir Arantes.
O docente explica que a arquitetura modular do equipamento, com acessórios especializados, garantirá sua adaptação a novos desafios de pesquisa e viabilizará o uso contínuo e compartilhado em diferentes linhas de investigação, fortalecendo a formação acadêmica e a geração de soluções inovadoras de interesse público.
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