O bom desempenho da Escola Estadual Professora Eunice Marques da Cruz, na zona leste de São Paulo, no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), garantiu à unidade R$ 79,7 mil para investimento direto em ações sugeridas pelos próprios alunos. A escola atingiu a meta diamante, proposta pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) e os estudantes definiram pela aplicação dos recursos na ampliação da área de jogos, na compra de brinquedos, materiais esportivos e novos ítens de papelaria. O resultado, segundo estudantes, professores e equipe gestora, já é visível: recreios mais tranquilos, mais vontade de estudar e até planos para um álbum de figurinhas coletivo em preparação para a próxima avaliação.
A verba foi destinada aos grêmios estudantis por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola Paulista (PDDE Paulista), como parte do incentivo criado pela Secretaria da Educação para estimular o protagonismo dos alunos gremistas e o bom desempenho nas avaliações. A iniciativa prevê que os grêmios decidam como o recurso será utilizado, em projetos ligados a temas como cultura, esporte, ciência e cidadania. Neste ano, 1.523 unidades da rede pública paulista receberam R$ 55 milhões após terem atingido a meta ouro ou diamante no Saresp.
Com 785 estudantes nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a escola Eunice já começa a se mobilizar para manter os bons resultados nas avaliações externas deste ano letivo. A partir dos resultados deste ano, a Educação deve encaminhar as verbas do PDDE a partir dos resultados no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), exame nacional. “Eles estão empolgados para o Saeb. Já querem fazer um álbum de figurinhas por sala. Temos papelaria e criatividade de sobra para isso”, diz Luci Leni Domingos, professora e paraninfa do grêmio estudantil.
Investimento e resultado na convivência
“Antes de qualquer compra, fizemos reuniões com os estudantes do grêmio. Eles levaram as propostas para suas turmas e trouxeram as ideias de volta. Acompanharam desde os orçamentos até a entrega dos materiais”, conta a diretora da escola, professora Danielle Araujo. Segundo ela, o engajamento estudantil foi tanto que até um ex-aluno, que havia sido conselheiro do grêmio no ano anterior, foi convidado a ver o resultado do trabalho coletivo.
A escola investiu os R$ 79,7 mil na sala de jogos — em mesa de pingue-pongue, hockey de mesa, tamancobol, pebolim, simulador de basquete, na pendurado local —, em materiais para as aulas de educação física, além de materiais de papelaria. Um grafite na sala de jogos, doado por uma empresa parceira, também ajudou a renovar o espaço. “O intervalo está muito mais legal. Antes a gente corria para pegar lugar na fila do brinquedo. Cada dia tinha uma ‘briguinha’ diferente na fila dos jogos. Agora dá tempo de brincar com calma, não preciso mais comer correndo”, relata Leonardo Ornellas, 11, coordenador de comunicação do grêmio.
Para a aluna Ester Mendonça, também de 11 anos, as melhorias vão além do lazer. “Gosto muito de jogar vôlei e as aulas de educação física estão melhores com a nova rede. Na sala de jogos, meu preferido é o tamancobol. Além disso, nós do grêmio, temos feito cartazes e vídeos com a professora Luci, não temos mais brigas no intervalo e também estamos combatendo o bullying dentro da escola”.
A professora Luci afirma que a participação dos estudantes não só ajudou nas decisões, como também incentivou a convivência e as noções de educação financeira, tema que faz parte das aulas de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental. “Eles votam, debatem, gravam vídeos, fazem cartazes e aprendem na prática. Os pais acompanham, as famílias participam. A escola é abraçada pela comunidade.”
Segundo a vice-diretora Katia Pureza, que é ponto focal do grêmio na escola, o apoio da Seduc-SP tem sido mais estruturado desde 2024, com formações contínuas e orientação legal para o uso da verba. “Nossos alunos têm voz. Eles se veem como parte da escola e isso é transformador.”
Com Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) — calculado a partir das notas do Saresp — de 6,9 e meta de 7,2 para este ano, a Escola Eunice quer repetir o feito. Para o pagamento do PDDE para o grêmio no ano que vem, a unidade de ensino deve atingir a meta de 7,0 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), calculado a partir do desempenho no Saeb. “Aprender é importante. A gente fica mais esperto e pode se dar bem no futuro. Tudo que a gente ganha mostra que vale a pena ser um bom aluno”, resume Leonardo. “Hoje em dia eu não tenho mais desculpa para não vir à escola, porque temos muitas coisas para brincar e para aprender.”
Bonificação aos grêmios estudantis
Em 2026, o cálculo para bonificação aos grêmios estudantis levará em conta o desempenho dos estudantes no Saeb. As agremiações que atingirem a meta ouro receberão R$ 50 por estudante. Já para a meta diamante o valor do repasse por estudante é de R$ 100. A expectativa é destinar, no mínimo, R$ 5 mil e, no máximo, R$ 70 mil por unidade, a depender do tamanho da escola.
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