A saída da consagrada autora Gloria Perez da TV Globo, após mais de 40 anos de colaboração, acendeu um sinal de alerta sobre os rumos editoriais da emissora. O pivô da ruptura? O veto à sua nova novela, Rosa dos Ventos, cuja trama central abordaria o aborto — tema considerado “inadequado” pela cúpula da Globo. Por trás da justificativa oficial, surgem indícios de um processo sistemático de controle narrativo dentro da emissora.

O projeto vetado e a ruptura
A autora havia apresentado uma sinopse aprovada pela direção e iniciado os primeiros capítulos. No entanto, segundo ela, a novela foi barrada por não se adequar às “novas diretrizes” editoriais da emissora.
“Sinopse aprovada, capítulos iniciais escritos, a direção considerou que o assunto ‘aborto’ era inadequado para as novas diretrizes que se pretende dar às novelas.”
Diante da recusa, ela decidiu encerrar seu vínculo com a Globo e abriu mão da faixa nobre prevista para 2026. O desgaste, no entanto, já vinha de antes.
Travessia e atritos internos
A tensão entre a autora e a emissora teria começado ainda na novela Travessia (2022), onde Perez enfrentou resistências internas. Ao responder um seguidor no X (antigo Twitter), a autora afirmou:
“Vocês não sabem meia missa do que aconteceu em Travessia. Vão saber a real quando escrever minhas memórias.”
Ela ainda insinuou tratamento desigual dentro da emissora, após internautas apontarem supostos privilégios dados à autora Manuela Dias em detrimento de outros roteiristas veteranos.
Silêncio estratégico e substituição nos bastidores
Com a saída de Perez, a Globo escolheu como substituto o veterano Aguinaldo Silva, que voltará ao ar em 2026 com a novela Três Graças, marcando seu retorno após O Sétimo Guardião (2018).
Fontes internas apontam que o caso de Gloria não é isolado: autores como Walcyr Carrasco, João Emanuel Carneiro e Lícia Manzo também enfrentaram embates com a direção nos últimos anos.
Censura ideológica ou controle editorial?
Críticos enxergam o veto à novela de Perez como mais do que uma simples decisão de grade. Para muitos, trata-se de uma tentativa velada de impor limites ideológicos ao conteúdo artístico em nome de uma falsa neutralidade.
“Tenho histórias para contar. Quem viver, lerá.”
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