Brasília – A farra com dinheiro público ganhou mais um capítulo. A Justiça Federal do Distrito Federal deu 20 dias para que o governo Lula explique o uso de verbas do Tesouro Nacional para custear viagens internacionais da esposa do presidente, Janja da Silva. A decisão foi proferida nesta segunda-feira (19) pela 9ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do DF.

O processo foi movido pelo vereador Guilherme Kuhl (Novo-PR) e pelo advogado Jeffrey Chiquini, que questionam a legalidade e a finalidade das viagens da chamada “primeira-dama”. Eles pedem a suspensão imediata de diárias, passagens e demais benefícios pagos com dinheiro público, além do reconhecimento de irregularidades nas viagens a Nova York, Paris, Roma e Rússia.
Apesar de o juiz Leonardo Tavares Saraiva ter negado liminar para interromper os repasses de imediato, a Justiça determinou que a União e Janja apresentem defesa formal. O Ministério Público Federal também foi chamado a acompanhar o caso.
Gastos questionáveis e papel institucional duvidoso
A controvérsia reacende um debate incômodo e necessário: qual é o papel institucional de Janja? Quem autorizou suas viagens como representante do Brasil no exterior? E mais importante: por que os brasileiros estão pagando essa conta?
Em abril, a Advocacia-Geral da União (AGU) publicou um parecer conveniente, encomendado pela própria Casa Civil, alegando que o cônjuge do presidente exerce uma “função pública indireta” e pode participar de agendas oficiais com caráter simbólico ou diplomático. Um parecer feito sob medida para justificar o que muitos veem como um uso abusivo e desnecessário do dinheiro do contribuinte.
Congressistas cobram explicações e participação em diplomacia irrita
Mesmo com a manobra jurídica da AGU, a atuação internacional de Janja continua sendo alvo de críticas no Congresso Nacional. Dez requerimentos já foram protocolados na Câmara dos Deputados exigindo explicações sobre sua presença em viagens à China e à Rússia.
A situação piorou após Janja participar de conversas com o presidente chinês, Xi Jinping, abordando temas como a regulação do TikTok — um assunto sensível que deveria ser tratado por autoridades diplomáticas competentes, não por acompanhantes do presidente.
Lula tenta blindar Janja
Na tentativa de estancar a crise, o presidente Lula saiu em defesa da esposa, afirmando que as críticas são “desrespeitosas” e que Janja tem representado o país em pautas culturais e sociais. Mas a pergunta que muitos brasileiros fazem continua sem resposta: quem autorizou, quem paga e, principalmente, por quê?
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