sábado , 8 novembro 2025
Lar Brasil ‘No governo Lula, a dívida fala mais alto’
BrasilEconomiaMaisÚltimas notícias

‘No governo Lula, a dívida fala mais alto’


Sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva, a dívida bruta brasileira deve ultrapassar a marca de R$ 10 trilhões em 2026, e o pagamento de juros pode chegar a R$ 1 trilhão já neste ano, conforme levantamento do jornal Estado de S. Paulo.

O número representa um marco histórico na série estatística do Banco Central, iniciada em 2001, e intensifica a preocupação com a sustentabilidade fiscal do país.

O endividamento público mais que dobrou nos últimos dez anos, saltando de R$ 3,25 trilhões em 2014 para R$ 8,98 trilhões no fim de 2023. Em relação ao PIB, a dívida passou de 56,28% para 76,5%. Projeções do mercado coletadas pelo Banco Central revelam que, em 2028, ela poderá alcançar R$ 11,31 trilhões. Isso é equivalente a 89,27% do PIB.

Em editorial publicado nesta quarta-feira, 30, o Estadão sustenta que os números escancaram a fragilidade do novo arcabouço fiscal e a necessidade urgente de um ajuste nas contas públicas.

Para o jornal, embora o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirme que não há risco de insolvência — cenário que também não é considerado iminente por analistas financeiros —, a dívida elevada impõe custos altos à economia brasileira.

Reflexos do endividamento

De acordo com o BTG Pactual, apenas a Bolívia capta mais recursos que o Brasil para refinanciar sua dívida.

Ainda segundo o editorial, o aumento do endividamento impacta diretamente na inflação, exigindo do Banco Central a manutenção de juros elevados por mais tempo. Isso, por sua vez, compromete o crescimento e afasta investimentos.

“Com uma meta de inflação a perseguir, o BC não pode simplesmente baixar os juros para impedir que a dívida e seu custo aumentem mais”, afirma o Estadão. “O governo, no entanto, ajudaria muito se trabalhasse em conjunto com o BC para fazer da política fiscal uma aliada da política monetária, e não sua oponente.”

Economistas e o próprio jornal defendem a retomada dos superávits primários como caminho para conter o avanço da dívida e aliviar a pressão sobre a política monetária.

O jornal também critica a falta de sintonia entre as políticas fiscal e monetária. Nas palavras do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a ausência de coordenação exige “doses mais elevadas do remédio” — ou seja, juros ainda mais altos — para obter os mesmos resultados no controle da inflação.

Governo Lula não está preocupado com a economia

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo, em alusão à matéria sobre o déficit público em função dos juros
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Ainda de acordo com o Estadão, o governo demonstra pouca disposição para enfrentar o problema. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, chegou a admitir que o atual arcabouço fiscal precisará ser revisto, mas somente em 2027, depois das eleições presidenciais.

Até lá, afirma o jornal, o governo deveria ao menos preservar a arrecadação, o que também estaria sendo negligenciado.

A publicação destaca a substituição da prometida reforma do Imposto de Renda por um projeto que amplia a faixa de isenção até R$ 5 mil mensais e aponta a exclusão de programas prioritários do Orçamento, como o Pé-de-Meia e o Auxílio Gás.

Além disso, menciona medidas de estímulo ao crédito e ao consumo, como a ampliação do consignado privado e novas faixas para financiamento habitacional no programa Minha Casa Minha Vida — medidas que vão na contramão da política de aperto do BC.

Por fim, o jornal critica a estratégia do governo de responsabilizar o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto pelas altas taxas de juros, destacando que a retórica se manteve mesmo depois das últimas reuniões do Copom sob nova direção.

“É por essas e outras que o mercado financeiro passou a acompanhar a evolução da dívida bruta com lupa nos últimos meses”, acrescenta o Estadão. “Pouco importa alardear o cumprimento da meta de déficit zero quando várias despesas são excluídas do cálculo. A dívida fala mais alto.”

+ Leia mais notícias de Imprensa em Oeste



Fonte da Matéria

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

MaisSão PauloSegurançaÚltimas notícias

PM Rodoviária apreende mais de 4 toneladas de maconha no interior

A Polícia Militar Rodoviária apreendeu, na sexta-feira (7), mais de quatro toneladas...

EducaçãoMaisSão PauloÚltimas notícias

Pesquisadores da USP treinam IA para ajudar no diagnóstico precoce de câncer bucal

Se na ficção científica as máquinas inteligentes aparecem quase sempre como uma...

EducaçãoMaisSão PauloÚltimas notícias

Estudantes da Etec de Ribeirão Pires desenvolvem sistema com IA para aumentar bem-estar de idosos

Criado por estudantes da Escola Técnica Estadual (Etec) Professora Maria Cristina de Medeiros,...